quarta-feira, 11 de julho de 2012

PATRIAMADA - 15/10/2002


           All right. Eu sei que eu sumi demais, se é que existe graduação para sumiço. All right, sei que pouca gente notou a falta desses escritos falhados. All right, talvez eu tenha sido o único que sentiu falta (please, sem autopiedade). All right, tenho um monte de desculpas: a finalização (parcial) de um trabalho de genealogia da Família Amorim, reapresentação do Teatro de meus alunos no aniversário da cidade (isso mudou a minha vida!), o envolvimento com as eleições (até que foram razoáveis... e ainda tem segundo turno daqui a alguns dias), uma ajuda no lançamento da Coluna Style (coluna social com pique jovem) capitaneado pela minha garota Clara e aulas e provas e diários e fechamento de bimestre e os percalços e desencontros cotidianos da vida, de pneus furados a vazamentos em tubulações . All right, chega de desculpa. Porque pelo menos nesta segunda feira, estou de volta. Ok, baby????

Mas não é que até os ritos podem criar vida?!?!?!

            Há pessoas que comunicam verdade. Todos nós estamos acostumados com Bandeiras e Hinos Nacionais vazios de significado e emoção. Parece que de cada três palavras de nosso Hino, pelo menos uma é desconhecida!. Lábaros, fúlgidos, impávidos e outras proparoxítonas não nos dizem muita coisa. Help, I need somebody parece falar mais ao nosso coração. Mas pessoas não se comunicam só com palavras. E há pessoas que comunicam verdades.
           Há uma pessoa em Itaú, a qual já nos acostumamos a ver em solenidades e desfiles cívicos e que nesse dia vi de maneira diferente. Senhor José Fioravante, veterano da Segunda Guerra. Cabelos brancos, estilhaços de granada na perna. E muita dignidade. Seo José já é patrimônio emocional e sentimental de Itaú de Minas.

           Estive em uma cerimônia na Câmara Municipal com a presença dele. Na hora da execução do Hino Nacional, Seo José foi chamado a hastear a bandeira e foi com seu passo lento, sua dificuldade de subir e descer degraus na arquitetura inclemente do plenário da Câmara, insensível a idosos e deficientes. Postou-se à frente da bandeira e começou a cantar o hino. E aí, meus amigos, eu vi o que é o orgulho e honra, pois vi no rosto do Seo José Fioravante o amor à pátria e a sensação do dever cumprido. Num certo momento, percebi que Seo José parou de cantar o Hino e passou apenas a ouvir a música. E, meus amigos, nessa hora eu vi a Bandeira do Brasil abraçar Seo José Fioravante. Mesmo sabendo que o protocolo indica que não se deve aplaudir a execução de hinos nacionais, eu bati palmas. Não para o Hino, mas para o Seo José e para uma pátria que envolve seus filhos e cede a bandeira para os acolher e envolver docemente.
           Na hora de ir embora, coube a mim a honra de oferecer uma carona para Seo José, e ele foi falando de sua emoção e de suas lembranças. E contou para a gente que se sente feliz nessas comemorações, lamentou ter ido sem sua farda. Disse que gosta de estar perto da Bandeira e contou, emocionado, que quando o Hino chega naquela parte "verás que o filho teu não foge à luta" sua voz embarga e ele pára de cantar.
           Palavras falam pouco. Atitudes, olhares, sorrisos falam muito mais. Na última sexta feira eu vi a Pátria falar através de uma Bandeira que quer envolver os filhos que, com certeza, não fogem à luta.
   Ronaldo Amorim Teixeira é responsável por escrever essa crônica, embora nem sempre o faça. O desejo é grande, embora, às vezes, a preguiça vença.

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