quarta-feira, 11 de julho de 2012
Contrastes Gritantes e Ilusões de Ótica - 05/02/2002
Dia desses em mais um feriado legalzinho, lá vamos nós, os pescadores de tilápias. Claro que sabemos que está na época de piracema, a desova dos peixes, e ecologistas que somos, apenas nos permitimos pescar no pesque-e-pague. O pesque-e-pague é uma dessas modernices interessantes: na verdade você vai comprar peixe, apenas tem o direito de se distrair fisgando os bichinhos (e paga um pouco por isso). É diferente de pescar o peixe solto na natureza e até o sabor do peixe perde um pouco de qualidade, já que o mesmo é criado com ração, na verdade é um "peixe de granja". Mas tem lá suas vantagens como por exemplo uma garantia maior de trazer para casa alguns belos exemplares. Na natureza isso está cada vez mais difícil, escasseiam em nossos rios cada dia mais o que pescar. A consciência ecológica ainda é pequena e muitas vezes, apenas da boca para fora, sem ações consistentes.
Mas voltemos à pescaria do final de semana. Íamos nós, eu, a esposa e meu filho, a caminho de fisgar nossas tilápias. Escolhemos um pesqueiro próximo à Pratápolis. À beira da estrada, fomos notando o corte das plantações de eucalipto, realizado pela Fábrica de Cimento de nossa cidade. Estes eucaliptos também são sempre ponto de críticas em relação ao meio ambiente. Quantas matas foram derrubadas para as plantações de eucaliptos, usados primeiramente para alimentar os fornos de fabricação de cal. Dizem que o eucalipto esgota o solo drenando toda a água disponível, secando mananciais, lagoas e a água do subsolo. Além disso, pelo seu crescimento rápido, eles retiram muitos nutrientes do solo, não permitindo a ocorrência de outro tipo de vegetação e prejudicando as próximas culturas. Suas raízes, tão profundas quanto são altas suas copas. Buscam longe o alimento de seu crescimento espantoso. A falta de frutos inibe a vida de animais e os únicos bichos que convivem com esta planta são as formigas e as abelhas. Pobre da terra explorada pelos eucaliptos!
Olhando as margens da estrada onde antes havia os eucaliptos de um lado havia a Usina de Reciclagem de Lixo da Prefeitura Municipal. Uma visão legal, um pensamento de alívio e esperança pela preservação ambiental. Na frente da Usina, foi feita uma parede aproveitando pneus velhos que ajuda a manter uma pequena encosta, um jeito criativo e interessante de dar destino aos pneus velhos, que demorariam demais para serem degradados. E ainda se pode ver em meios aos pneus várias flores coloridas. Que legal.
Mas do outro lado da pista, o que se via não era tão animador. O corte das árvores próximas à Fábrica de Cimento expôs as escavações da mina de onde são retiradas as pedras das quais é feito o cimento e a cal. É um cenário desolador, triste, que faz pensar e muito sobre a nossa pobre natureza. Tá certo que é necessário a industrialização, o progresso e os empregos resultantes de tudo isso. Mas é duro ver a situação em que fica o meio ambiente e o pouco retorno que as empresas dão à natureza. E dizem que logo essa mina será desativada por esgotamento. O que será que ficará no lugar? Um enorme buraco, quem sabe cheio de água? Haverá vida após a exploração?
Em meio de minha divagações, volto a olhar a Usina de Reciclagem em busca de alento. Procuro as flores que observei anteriormente. Aí observo: pô, parece que as flores são de plástico! Recicladas talvez, mas de plástico. Nem aqui tem vida???
Melhor procurar esperanças em outro lugar...
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