Escrevo minhas confissões e confidências, cartas sem endereços. Me exponho em papéis diversos, rascunhos, rabiscos que são amarrotados sem piedade e impiedosamente são destinados ao depósito das inutilidades, recinto dos refugos, cidadela dos despojos - o lixo.
Não sei se é meu eu ou algo externo a mim que, entre hesitações e temores, torce para que algum curioso, um ente qualquer, um revolvedor de entulhos desfaça as rugas do papel e se estabeleça entre nós um ponto de contato. (Eu estou tão cansado de falar comigo mesmo!).
O Espectro de uma asa poderá projetar uma sombra negra sobre mim, mas esse não será o meu medo. O temor de meu coração é que este ser de face desconhecida venha soturno e traiçoeiro buscar a minha alma, trazendo emaranhados nas linhas de suas mãos os restos de meus escritos.
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