quarta-feira, 4 de julho de 2012

É a modernidade, uai! - 29/09/2001


          Eu não sei se é mais impressionante a rapidez com que as coisas têm mudado, ou se é a rapidez como nos acostumamos a tudo. A modernidade e principalmente a televisão, anestesiam nosso sentimentos. O que vemos na tela parece ser confundido com um filme ou uma novela e tendemos a achar que os acontecimentos são irreais. O atentado no World Trade Center no dia 11 parece que foi uma exceção, já que o mundo todo ficou estarrecido assistindo aqueles fatos. Mas até isso tem uma explicação: se não fosse nos Estados Unidos, será que a reação seria a mesma? Nos indignamos tanto com as guerras do Kosovo e da Tchetchênia? Que tal a fome na África? E os atentados em Israel, Palestina e Faixa de Gaza? E a seca no Brasil, a corrupção, a violência, o "rouba, mas faz"? Mesmo o atentado às torres de Nova York já estão se tornando fato passado, distante e assimilável. Já aparecem até as piadinhas. Você já ouviu aquela em que havia duas torres conversando, aí uma disse: "-Olha o aviãozinho!" BUUUM. E a outra torre perguntou: "-Que aviãozinho??" BUUUUM. Aí a outra torre falou: "-Acho que vou despencar..." PLAFT e a outra: "-Levanta daí" PLAFT também... Se você não entendeu a piada, sua conexão deve estar muito lenta. (E já nos equecemos das pessoas que morreram...)

          Bem, mas isso é só uma introdução (ou deveria ser) para dizer como as coisas mudam. Já é lugar-comum dizer que estamos na era da informação e outras coisas mais que estamos acostumados a ouvir. Não é novidade e as comprovações são expostas aí na nossa cara a cada momento. Essa tal de internet é danada mesmo e agora nossa cidade ganha uma homepage. Abre-se mais um leque enorme de possibilidades de participação de itauenses, que mesmo à distância podem estar conectados à esta cidade.

          Engraçado. Um monte de idéias passaram por mim quando escrevi esta última frase. Já vivi fora de Itaú durante muito tempo, e mesmo sem existir a internet, sempre me senti conectado à esta terra. Sei de muita gente que se sente assim. Itaú parece que tem uma magia que nos prende, um inexplicável vínculo uma força que sempre nos chama de volta. Os antigos costumavam dizer que enterrar o umbigo de uma criança ao pé de uma porteira faria com que ela se tornasse fazendeira quando crescesse. Devemos ter nossos umbigos enterrados por aí e assim como éramos alimentados por ele quando estávamos na barriga de nossas mães através do cordão umbilical, hoje, não sei por quais veios da terra, onde quer que estejamos, somos alimentados por ele. Não mais com alimento para o corpo, mas agora com o alimento da alma. E assim como na infância sempre queríamos voltar para nossa mãe, hoje somos indescritívelmente chamados de volta à nossa terra. Eu tive a felicidade de voltar.

          Já não é a mesma terra (tem até homepage!). E muda a olhos vistos. Recentemente completou seus quatorze anos de emancipação e se tranforma em nova cidade. Como tem mudado nossa Itaú! Quem passa um tepo sem aparecer por aqui deve estranhar. A mudança da vez é o anel viário, que está transformando a entrada da cidade.Falando em modernidade, que pena que o conceito preservacionista falhou no projeto. Uma enorme árvore , que ficava ao lado da Escola Ary Pimenta teve que ser derrubada para dar lugar à rua. Não há nada maismoderno que preservar o antigo. Acho que a perda daquela árvore poderia ter sido evitada, se houvesse o interesse de interferir o mínimo a natureza. Agora, do outro lado da rodovia, onde era um parque infantil muito frequentado, restam alguma árvores. Torço para que estas sejam preservadas. Precisamos de mais verde em nossa vida. Nossos filhos, nossos netos têm direito à essa terra preservada.
 
          O escritor Ziraldo dizia em um texto que nascer em Minas Gerais é como levar um tiro no peito e não morrer. A bala fica encravada para toda a vida. Ë impossível esquecer que dentro da gente tem uma parte de nossa terra. E assim como os produtos indutrializados carregam sua marca, nós carregamos nossas cicatrizes, marcas do que somos. Mineiros com certeza, orgulhosamente itauenses.
Ronaldo Amorim Teixeira é funcionário público, professor de Português e apaixonado por Itaú. Comentários são bem vindos. Ronaldoat@yahoo.com

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