domingo, 3 de fevereiro de 2013

Santa Maria, rogai por nós.


Nesse momento em que os noticiários da televisão exploram até a exaustão a dor das pessoas envolvidas na tragédia na boate de Santa Maria, nossos corações ficam consternados com o acontecimento. Enquanto se desenvolve um jogo de acusações em busca de culpados, percebemos há uma perplexidade em descobrimos que erros podem causar muitas vítimas. Percebemos que é inútil encontrar-se culpados, o castigo de uns não trará de volta a vida de tantos jovens.

No meio de tanta dor, pensamos em quantos sonhos desfeitos, quantos planos interrompidos, quantas carreiras de sucesso foram abortadas. Eram jovens, eram estudantes, podiam ser nossos filhos, eram filhos de pessoas como nós.

Naquela noite em que saíram para uma balada, esses jovens só queriam se divertir. Capricharam na escolha da roupa, da maquiagem, do perfume. Combinaram com amigos, marcaram encontros, fizeram planos. Assim como qualquer um de nós, quando chega um final de semana, quando a gente quer somente uma diversão, um alívio imediato para a tensão do dia a dia. A noite terminou naquelas cenas dantescas, simuladas e repetidas toda hora nos jornais televisivos. Podia ser comigo, com você, com nossos filhos.

Quando aquele cara pôs fogo naquele sinalizador ele não tinha intenção de matar ninguém. Quando um dos donos da boate mandou colocar aquela espuma no teto, ele não queria machucar ninguém. Quando os seguranças, sem entender nada do que estava acontecendo, tentaram impedir a saída das pessoas que tentavam fugir do fogo, eles não tinham a intenção de levar ninguém à morte. Mas as coisas acontecem...

É muito difícil, principalmente para a juventude, acreditar que coisas ruins podem acontecer com a gente. Por ter vivido tão pouco, o jovem acha que tem uma garantia de vida. Nós, os mais velhos, por já termos presenciado tantas coisas, nos tornamos medrosos.  Para os mais novos, parece que isso só acontece muito longe, só acontece com os outros. Quando aparece na teve, parece que é ficção, coisa de filme ou novela. Não é. Nossas atitudes e nossas omissões têm conseqüências.

Pode parecer exagero usar cinto de segurança dentro da cidade, pode parecer paranóia procurar as saídas de emergência quando comparecemos em eventos. Pode parecer caretice não dirigir se beber.

Mas o melhor mesmo é sobreviver. É melhor morrer de velhice. É muito bom lutar pelo que acreditamos, construir nossos planos, viver nossos sonhos. Entre os sonhos de todos os pais, está o de ver seus filhos adultos e estabilizados.

Talvez tenhamos de substituir aquele “Juízo” que falamos aos nossos filhos quando eles vão sair por outra recomendação: “Sobreviva”.