sábado, 19 de janeiro de 2013

O Dia em que Eu Vesti Saia - 06/01/2013


Final de um ano, início de outro. É um ciclo que se encerra e outro que se inícia. Tempo de fazer um balanço do que passou e de planejarmos o futuro, fazer um relatório de nossas promessas e intenções para o ano novo... última chance para se cumprir as promessas do ano anterior.
Todo ano eu me encanto com as apresentações dos ternos de congo. Por muito tempo achei que os grupos estavam fadados a se extinguirem, cada vez com menos interessados. De repente, parece que a tradição tomou um fôlego novo, começou a se movimentar mais e a atrair mais participantes. A participação do Denão e seu dinamismo foi decisiva nesse processo, mas também a segurança da participação dos antigos, dos tradicionais membros históricos, que em tempos de auge ou de crise, mantiveram seus Ternos.
Desde muito tempo admiro essas tradições, inspiradoras de várias músicas de algns de meus ídolos, como Milton Nascimento, Tavinho Moura, Saulo Laranjeira e diversos outros cantores e grupos mineiros. Em meu repertório musical a ser tocado em festinhas, há lugar reservado para o gênero e sempre tive vontade de participar de um Terno. Minha opção preferencial sempre foi o Moçambique, sua caixa marcante, seus passos hipnóticos e seus cantos a sete vozes.
No final de 2011, conversei com o Paulo e com o Tonho na Congada e me comprometi com eles a participar. Durante o ano, de vez em quando me encontrava com um deles e eles me lembravam, mas quando chegou a data fui enrolando e sendo enrolado pelos compromissos, adiando, quando percebi, já estava quase perdendo a oportunidade. Aí, no penúltimo dia do ano, fiz meu esforço para cumprir o compromisso do ano anterior. Saí no Moçambique. Com muita honra recebi o fardamento e vesti o saiote. Com orgulho, carreguei o bastão que um dia foi do Sô Zé Duquinha, saí na linha de frente, ao lado do Sô Zé Urbano, Sô Tonho e o jovem Bruno. Sou um aprendiz, tenho muito ainda a aprender, mas já me considero um moçambiqueiro. Quero ajudar a preservar essa tradição, se meus companheiros me aceitarem. Espero ainda andar pelas ruas , entoando os cantos em louvor ao santo negro São Benedito, espero aprender os passos frenéticos do baile, ao som do “São Benedito aqui chegô, na mesma hora abençuô”.
No dia primeiro de 2013, saí novamente, e ao lado do Paulo, Monize, Arnaldo, Seu Zé, Gemirinho e outros companheiros, participei da descida das bandeiras e me comprometi a sair novamente no final do ano. Como compromisso, quero chamar mais gente para nos ajudar a preservar essa faceta de nossa cultura. Quem sabe conseguimos restaurar os tempos áureos do nosso Terno de São Bendito? Você está convidado a participar com a gente

Um comentário:

  1. Ronaldo,

    Eu sempre soube de sua admiração pelas raizes culturais, mas dai imaginar de que você seria capaz de vertir um saiote e sair pelas ruas de Itaú dançando realmente me surpreendeu.

    Ai eu me pergunto, será que eu teria essa coragem que você teve? sei não.

    Ai São Benedito, me dê coragem.

    Até mais.

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