sábado, 19 de janeiro de 2013

Itaú - O Filme - 19/01/2013


No final de 2012, circulou a notícia de que seria feito um filme sobre Itaú. Seu diretor e autor do roteiro convidava os interessados a colaborar. Trocamos alguns emails, enviei algum material e me dispus a ser um dos colaboradores. Cheguei a ler um roteiro, mas fiquei muito curioso sobre como seria esse filme, na prática.

Essa semana, me encontrei com o Jelles Ribeiro, o cara por trás do filme, para conhecer melhor o projeto e me encantei. Aconselho a não subestimar a coisa! O Jelles está muito bem preparado, com muito conhecimento e com ótima ideias. Disposição para trabalhar, então, nem fala! Podemos esperar bastante dessa obra.

Ele me mostrou algumas cenas e esboços de uma qualidade e beleza muito grandes. O tom do filme parece ser o da emoção, da homenagem, do reconhecimento de nosso passado. Um Roma de Fellini no interior das Minas Gerais. UM filme para quem ama Itaú. Imerso em seu processo produtivo, Jelles me passou a ideia de uma dedicação integral ao seu projeto, dedicando-se a pesquisas, entrevistas, criação de figurino, planejamento de cenas, contatos com possíveis patrocinadores, enfim, a maratona de tarefas que costumam acompanhar aqueles que realizam grandes obras. As dificuldades que desanimariam muitos, parecem ser habilmente contornadas por ele.

Para sua felicidade (e nossa, enquanto futuros expectadores da obra), Jelles tem conseguido bons apoios como pessoal da área no Rio de Janeiro e outras cidades. Aqui em Itaú, entre outras pessoas, fiquei muito contente de saber que a Vânia Campos e a Nazaré Amorim estão ajudando. Parece ser aquela coisa de que "boas ideias atraem boas pessoas".

O cinema (ainda que seja em uma tela de tv na sala de nossas casas), é um mundo mágico onde tudo é possível. Todos os sonhos podem ser realizados e alguns pesadelos também. O passado pode ser recriado e, na nossa frente, pode encontrar o futuro. Através do filme, o diretor também dá um direcionamento para nossas vidas, nos faz pensar.

Eu espero que o filme do Jelles, o filme dos itauenses, nos faça ver que cada um de nós faz a história de nossa cidade. Que a história de nossa cidade não está nos livros, nas fotos (nos filmes?). A história está em nossas memórias, em nossos corações. A história está sendo construída no momento em que vivemos. A história é nossas vidas.

Se você, que me lê, quiser ajudar a fazer esse filme, nos procure. Como diz a letra de Beto Guedes e Ronaldo Bastos, “um mais um é sempre mais que dois”.

Um abraço.

O Dia em que Eu Vesti Saia - 06/01/2013


Final de um ano, início de outro. É um ciclo que se encerra e outro que se inícia. Tempo de fazer um balanço do que passou e de planejarmos o futuro, fazer um relatório de nossas promessas e intenções para o ano novo... última chance para se cumprir as promessas do ano anterior.
Todo ano eu me encanto com as apresentações dos ternos de congo. Por muito tempo achei que os grupos estavam fadados a se extinguirem, cada vez com menos interessados. De repente, parece que a tradição tomou um fôlego novo, começou a se movimentar mais e a atrair mais participantes. A participação do Denão e seu dinamismo foi decisiva nesse processo, mas também a segurança da participação dos antigos, dos tradicionais membros históricos, que em tempos de auge ou de crise, mantiveram seus Ternos.
Desde muito tempo admiro essas tradições, inspiradoras de várias músicas de algns de meus ídolos, como Milton Nascimento, Tavinho Moura, Saulo Laranjeira e diversos outros cantores e grupos mineiros. Em meu repertório musical a ser tocado em festinhas, há lugar reservado para o gênero e sempre tive vontade de participar de um Terno. Minha opção preferencial sempre foi o Moçambique, sua caixa marcante, seus passos hipnóticos e seus cantos a sete vozes.
No final de 2011, conversei com o Paulo e com o Tonho na Congada e me comprometi com eles a participar. Durante o ano, de vez em quando me encontrava com um deles e eles me lembravam, mas quando chegou a data fui enrolando e sendo enrolado pelos compromissos, adiando, quando percebi, já estava quase perdendo a oportunidade. Aí, no penúltimo dia do ano, fiz meu esforço para cumprir o compromisso do ano anterior. Saí no Moçambique. Com muita honra recebi o fardamento e vesti o saiote. Com orgulho, carreguei o bastão que um dia foi do Sô Zé Duquinha, saí na linha de frente, ao lado do Sô Zé Urbano, Sô Tonho e o jovem Bruno. Sou um aprendiz, tenho muito ainda a aprender, mas já me considero um moçambiqueiro. Quero ajudar a preservar essa tradição, se meus companheiros me aceitarem. Espero ainda andar pelas ruas , entoando os cantos em louvor ao santo negro São Benedito, espero aprender os passos frenéticos do baile, ao som do “São Benedito aqui chegô, na mesma hora abençuô”.
No dia primeiro de 2013, saí novamente, e ao lado do Paulo, Monize, Arnaldo, Seu Zé, Gemirinho e outros companheiros, participei da descida das bandeiras e me comprometi a sair novamente no final do ano. Como compromisso, quero chamar mais gente para nos ajudar a preservar essa faceta de nossa cultura. Quem sabe conseguimos restaurar os tempos áureos do nosso Terno de São Bendito? Você está convidado a participar com a gente

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Gonzagão e Gonzaguinha - 09/12/2012


Confesso que a princípio eu não gostava de Gonzaguinha. Cheguei a assistir um show dele com o pai em 1981, mas fui por causa de uma namorada que gostava. Eu mesmo torcia o nariz para aquelas músicas lamentosas, aquela voz anasalada, aquele rosto magrelo.
Depois, em 1991, ele morreu em um acidente voltando de um show, aos 45 anos. Lembro que fiquei com pena dele. Anos depois, acabei comprando um cd com uma coletânea de músicas dele, e nessa época, mais amadurecido, comecei a prestar atenção no que ele falava e comecei a admirá-lo. Me arrependi de não ter conhecido sua obra mais cedo. Uma das musicas mais tocantes que conheço, chama-se "Sangrando" e é dele. Essa é uma das músicas que estão selecionadas para serem tocadas em meu velório (mas com calma, não tenho pressa para chegar lá...)
Nesse ano de 2012, Luiz Gonzaga, o pai, o Rei do Baião, completaria 100 anos e foi feito um filme contando a história dos dois: Gonzaga - de Pai Pra Filho. Quando fiquei sabendo, reclamei que, provavelmente, esse filme nem passaria por aqui. Qual não foi minha surpresa ao saber que estava em cartaz em Passos, e, apesar do horário complicado (16:30h), conseguimos nos organizar para ir. Valeu a pena. É um bom filme, caracterizações muito próximas da perfeição, boas músicas, belas histórias. Não é a história de dois artistas. É a história de um pai e um filho, seus relacionamentos e suas brigas. Suas crises e o amor mútuo entre eles. A mãe de Gonzaguinha morreu muito jovem e ele foi criado por um casal de amigos de Gonzagão, no Morro de São Carlos, no Rio de Janeiro (ver a música "Com a Perna no Mundo"). Gonzaguinha foi ativista de esquerda, teve muitas músicas censuradas, batalhou pelo sucesso. E depois de inúmeras crises com o pai, conseguiu estabelecer um relacionamento com ele. Gravaram juntos e fizeram shows. Aprenderam a se respeitar.
O filme tem momentos emocionantes. Quando saímos do cinema, minha mulher falou que, às vezes, teve que segurar para não chorar... Ela que não sabe, mas quando Gonzaguinha cantou "Sangrando" no filme, eu me encostei nela e chorei... Como diz a letra "E se eu chorar E o sal molhar o meu sorriso Não se espante, cante Que o teu canto é a minha força Pra cantar ... Quando eu soltar a minha voz Por favor, entenda É apenas o meu jeito de viver O que é amar...." E como disse o moleque Gonzaguinha em outra música: "Começaria tudo outra vez, se preciso fosse, meu amor..."

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Crônicas no Jornalzão - Apresentação - 11/11/2012

(inicio aqui uma nova etapa dessa blog com crônicas escritas para serem publicadas quinzenalmente no Jornalzão de Itaú)


Nessa semana, já distanciados das eleições recentes (as de 6 de outubro, não as do Obama), posso perceber melhor e analisar as coisas que ficaram. Campanha eleitoral é uma coisa fascinante. Ela nos dá oportunidades que não aconteceriam de outra forma.
Tenho um costume arraigado de acordar cedo e durante minha campanha, saí muitas vezes de manhã, quase madrugada para entregar meus panfletos. É uma oportunidade de aproveitar o dia mais fresco, encontrar pássaros, fugir de cachorros... e encontrar pessoas.

Uma pessoa que eu sempre encontrava era o Seo Luiz, do Jornalzão, figura polêmica, mas com quem eu me dou bem e dialogo há bastante tempo, mesmo que com pouca frequência, mas com respeito mútuo. Ele costuma dizer que há muito tempo, usou o cabelo comprido e amarrado em rabo-de-cavalo, como eu uso. E eu costumo brincar com ele que o cabelo e a barba devia ser menos brancos...

Num desses encontros com Seo Luiz, ele me disse que, passado o período eleitoral, me chamaria para ser um cronista quinzenal no Jornalzão. Eu, sinceramente, achei que aquilo era conversa mole, como promessa de político. Mas não é que ele cumpriu o prometido?

E aqui estou eu, estreando minha seção de crônicas n'O Jornalzão. Escrever crônicas é uma aventura. A gente começa animado, depois vai faltando assunto, faltando tempo... espero não decepcionar Seo Luiz e meus leitores pela confiança. Como ele mesmo disse, o tema das crônicas é livre, pode ser política, filosofia, amenidades, humor.

Peço um pouco de paciência, agora, no começo, vou acabar falando um pouco de política, ainda sob o impacto das eleições e seus resultados, mas prometo que vou achar outros assuntos para passar o meu ponto de vista. Espero poder contar com a leitura de vocês. Sugestões e opiniões são bem vindas e podem ser enviadas para ronaldoat@yahoo.com.

P.S. Relendo a crônica em busca de possíveis erros tive vontade de trocar a frase inicial. Coisa fascinante é a vida! É ela que oportuniza coisas para a gente. E a gente tem de agarrar cada oportunidade. Eu estou segurando a minha.
Um abraço,
Ronaldo Amorim