sábado, 3 de agosto de 2013

Salve, Francisco

Salve, Francisco
Ronaldo Amorim
Numa semana agitada, de férias, de frio, de muitas atividades, um fato que chamou a atenção foi a presença do Papa Francisco no Brasil. Que simpatia de pessoa! Que carisma! Como sua figura na televisão criou uma vontade de ver mais... Nada de ficar no alto de sua posição, nada de pompa. Pelo contrário, usou carros simples, com vidros abaixados. Voou em classe econômica. No papamóvel, permaneceu sempre se movimentando de um lado e de outro para manter contato com as pessoas. Recebeu inúmeras crianças no colo. Desceu para cumprimentar pessoas. Falou aos jovens e não fugiu de temas polêmicos.
Mais do que seu discurso, o que marcou foi sua atitude, seu jeito de se mostrar e isso é muito importante em um evento direcionado aos jovens (apesar de que tinha jovens de todas as idades nos eventos que incluíam o Papa). Jovem está cansado de discursos, de palavras vazias. O jovem quer ver a união entre a ação e o discurso. De preferência, o jovem quer menos discurso e mais ação e Papa Francisco mostrou que a ação transformadora parte de coisas simples, de seu sorriso aberto. Está em sua coragem de estar em contato com as pessoas. Mais de uma pessoa notou que seu comportamento nos remetia à figura de avozinho, com quem sempre queremos nos encontrar, com quem temos muito o que aprender, com quem sempre queremos conversar. Não seria de se estranhar se pudéssemos chamá-lo de Chico, ou melhor ainda, de Chiquinho, carinhosamente.
Corajoso sem ser afoito, não fugiu das questões polêmicas nem distribuiu respostas irresponsáveis a essas questões. Deixou esperanças para novas demandas da sociedade e da igreja. Quando a repórter quis acuá-lo questionando-o sobre homossexualismo, ele não fugiu da palavra “gay” e foi acolhedor, acenando com a compreensão: "Se uma pessoa é gay, busca Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?", afirmou o Papa. Está longe de uma aceitação do relacionamento amoroso entre pessoas do mesmo sexo, mas é um avanço vindo da maior autoridade dessa instituição.
Outra polêmica encarada pelo Papa foi a questão do divórcio seguido de novo casamento e comunhão. Mostrou preocupação com a questão e acenou para mudanças na pastoral matrimonial. Disse que questão do divórcio precisa ser enfrentada pela Igreja e que um cardeal avaliou que a metade dos matrimônios é nula, devido a casamentos feitos sem maturidade ou ocorridos por convenções sociais.
A questão que desapontou, visto que não deixou espaço para conversa foi a questão da possível ordenação de mulheres. Apesar de afirmar que o papel das mulheres é mais importante que o dos bispos e de dizer que não é possível imaginar uma igreja sem mulheres ativas, achei que ele fugiu da questão e "lavou as mãos" afirmando que "Esta porta foi fechada" por João Paulo II. Se a igreja católica se prendesse ao que foi decidido por Papas anteriores, ainda estaríamos comprando indulgências...
Por fim, gostei muito também do comportamento do Papa sobre as manifestações políticas ocorridas no Brasil. Questionando a respeito (talvez com a maldosa intenção de arrancar uma crítica ao governo brasileiro), Papa Francisco se absteve de opinar sobre o que não tem conhecimento. Ainda afirmou que é natural do jovem o questionamento e o protesto. Para ele, um jovem que não protesta não o agrada. E ainda recomendou o entendimento: "Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo".

Com certeza, católicos mais fervorosos poderão avaliar melhor a presença e as palavras do Papa no Brasil. Eu fico apenas com a boa impressão que foi transmitida pelo sorriso de Francisco e seu comportamento aberto. Deus o abençoe.

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