sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Feliz Cidade

Feliz Cidade
Ronaldo Amorim


 
Depois de um dia de trabalho cansativo, mas honesto, eu tenho a felicidade de chegar em minha casa, na cidade que me acolhe e me dá repouso. Então, no meu rosto se abre um sorriso de agradecimento a essa cidade, onde plantei meus sonhos, essa cidade onde cuidei de meus pais e criei meus filhos . Essa cidade onde derramo meu suor e colho os frutos do meu trabalho. Essa cidade onde vivo meu amor, minhas angústias, minhas esperanças. Essa cidade onde tenho amigos, parentes, conhecidos, cada um com seu grau de afinidade, cada um com sua vida sincera, seus problemas, suas soluções. Essa cidade que eu queria bem melhor, que podia bem mais. Essa cidade que me deu mais do que mereço e a quem eu procuro retribuir, apesar de minhas limitações, de minha preguiça, do meu cansaço...
Minha memória percorre as ruas de minha cidade e lembro-me de calçadas cheias de obstáculos e buracos. Sonho com calçadas limpas, planas, adequadas aos passos vacilantes dos idosos, ao caminhar distraído das crianças, às necessidades especiais dos cadeirantes.
Meus ouvidos escutam os sons da cidade e procuram uma voz amiga, perdida em meio aos barulhos dos carros, gritos mal-educados, palavras de baixo calão, incômodas propagandas em carros de som, músicas em volumes absurdos  em carros que trafegam em altas horas. Meus ouvidos sonham com palavras doces e educadas, bom dia, obrigado. Meus ouvidos ainda sonham com uma cidade onde cada um respeite os ouvidos dos outros, que ouça o som de sua preferência sem obrigar o outro a ouvir músicas das quais não gosta. E o som ouvido nas madrugas possam ser apenas suaves serenatas com vozes melodiosas embaladas por mãos hábeis em instrumentos cúmplices.
De olhos fechados, aspiro o ar de minha cidade procurando ar puro, perfume de rosas, o cheiro do povo. Encontro esse ar carregado, cheiro de fumaça, rejeitos queimados, na Avenida da Liberdade, o cheiro do esgoto. Sonho com o ar de antigamente, filtrado pelas árvores que existiam nas praças e calçadas. Sonho com o ar perfumado pelas flores dos jardins.
Meu coração procura pessoas sinceras, bem humoradas, solidárias... e encontra. Minha cidade vale a pena por causa de pessoas boas que ainda existem. Dizem que existem também pessoas desonestas, más, manipuladoras, egoístas, mas estas pessoas, não quero encontrar, prefiro ignorá-las, apagá-las de minha vida. Não existem para mim.
Cansado de reclamar do que não tenho, prefiro aproveitar as coisas boas que tenho.
È aniversário e minha cidade e não é culpa dela se alguns (poucos? muitos?) não colaboram com ela.
Obrigado Itaú de Minas, por sobreviver aos maus tratos. Obrigado, minha cidade, por me permitir ser feliz em seu solo, entre sua gente. Parabéns pelo seu aniversário. Espero poder retribuir tudo que você me deu. Espero um dia repousar em seu solo,  semeando com meu corpo o profundo sentimento que tenho por essa cidade.

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